domingo, 28 de novembro de 2010

Bairro do Recife e sua história

Por Rafael Araújo

Pescadores e homens que faziam do mar a sua vida resolveram se estabelecer na fina faixa de terra que vinha de Olinda e se estendia até o extremo sul. Os veleiros que precisavam parar em águas tranqüilas e seguras, fora do agitado ancoradouro de Olinda, encontraram um local situado a sombra dos arrecifes que se erguiam ao sul, como local ideal para ancorar.

Em função desse velho ancoradouro, uma espécie de largo canal localizado entre os arrecifes de arenito e a península, nasceu o Recife e em seguida o seu porto, por onde eram escoados os produtos gerados pela atividade agro-açucareira de Olinda, naquela época capital de Pernambuco, e  de todo o nordeste.

A vida da capital, até a metade do século foi em função do comércio e por conta disso surge no Istmo de Olinda, espremido entre o mar e os rios, no fim da primeira metade do século XVI, o bairro do Recife. É o que diz o historiador Vanildo Bezerra Cavalcanti em sua obra: Recife do Corpo Santo.

     O Istmo - Foto: Instituto Cultural do Recife

Portanto, a formação do Bairro do Recife, que inicialmente foi chamado de Arrecifes de Navios e mais tarde de O Povo, que tanto causou encantamento no naturalista e cientista Charles Darwin e deslumbramento na viajante e escritora inglesa Maria Grahan e no rico comerciante francês Louis François de Tollenare, que por aqui passaram, se confunde com o surgimento da própria cidade.
  
No anos de 1630 à 1654, representando o domínio holandês em Pernambuco, e mais tarde com a chegada do conde Johan Moriz Von Nassau, mais conhecido como Mauricio de Nassau, a cidade do Recife, através do bairro de mesmo nome, recebeu grandes investimentos, desde construções de salões e sobrados ao surgimento de ruas e pontes, fazendo com que o bairro e a cidade experimentasse o verdadeiro progresso.

Os holandeses foram expulsos, em 1654 pelos portugueses e pelos nativos da época, o bairro do Recife já contava com 300 prédios. No ano de 1709, o Recife recebeu da coroa lusitana os foros de vila, construindo-se então, nesse bairro o pelourinho, mais tarde derrubado pela Guerra dos Mascates.

    Bairro do Recife - Século XVIII - Foto: Instituto Cultural do Recife

O tempo passou, o Recife foi crescendo e o porto ficou obsoleto para a quantidade e o tamanho dos navios que lá ancoravam.  Portanto, já no século XIX, a população pedia necessárias reformas com urgência e melhoramentos. Foi no início do século XX, mais precisamente em 1908 que era assinado o contrato de obras, onde assegurava à Sociedade de Construction Du Port de Pernambuco a instalação de escritórios, armazéns e movimentação de dragas, guindaste e rebocadores para as reformas do porto do Recife.

No século XX, principalmente por volta do anos de 1920, o Bairro do Recife se modernizava. Porém a partir da década de 30, a vida no bairro, principalmente a noturna, viveu seu apogeu, e como principal referência teve o período da II guerra mundial quando o Brasil lutou ao lado dos aliados.

Em 1944, ainda no período da II Grande Guerra, mas se aproximando do seu fim, as tropas norte americanas fizeram do Recife o seu ponto de parada seguro e com os seus hábitos foram responsáveis por mudanças significativas nos modos, procedimentos sociais e costumes no bairro e na cidade.

    Bairro do Recife - Século XIX - Foto: Instituto Cultural do Recife

    Bairro do Recife - século XX - Foto: Instituto Cultural do Recife


    Recife - Século XX - Reformas Urbanas - Foto: Instituto Cultural do Recife

Na década de 70 e 80, o bairro parecia esquecido pelas autoridades e pela população. Porém a partir da segunda metade dos anos 90, foi iniciado as primeiras restaurações de diversos imóveis, resultando assim, no momento de recuperação do bairro. O governo em parceria com a iniciativa privada restaurou antigos prédios, sobrados, ruas e praças fazendo com que muitas empresas ali se instalassem.

No final dos anos 90 para início dos anos 2000, o bairro viveu seu apogeu principalmente sua vida noturna. Ali foram instaladas lanchonetes, bares, firmas, casas noturnas como as boates, e lojas de serviços, sendo a Rua Bom Jesus, antiga rua dos Judeus, seu pólo principal. É nessa rua  que está localizada a primeira sinagoga das américas. Também foram para lá bancos e tribunais, mas o bairro ficou conhecido por abrigar uma quantidade muito grande de empresas de tecnologia da informação.

Na segunda metade da atual década houve uma retraída de investimentos no bairro, e muitos que ali se encontravam, principalmente no ramo de lanchonetes, restaurantes, bares e boates, sendo estes que consideram os melhores resultados de faturamento a noite fecharam suas portas, culpando o baixo movimento de moradores e turistas.


    Recife anos 90 - vista área - Foto: Instituto Cultural do Recife

Porém há cerca de dois anos, o bairro e principalmente a sua vida noturna parecem ganhar vida. A partir deste ano são estudados dois projetos que ainda não foram implementados  para ajudar o bairro. Segundo Noé Sérgio, do recém criado Instituto Cultural do Recife, esses dois projetos serão apresentados e implementados, mas o Bairro do Recife vive de ciclos e é difícil voltar aos momentos de apogeu, mas tem esperança que as pessoas venham ao bairro com mais freqüência.

São notados atualmente que muitas ações já foram tomadas como a inauguração da nova estação de passageiros no porto do Recife, como o andamento em ritmo acelerado da restauração do prédio onde era a antiga Bolsa de valores que se converterá em um grande centro cultural. O prédio da antiga alfândega, que bem verdade foi transformado em Shopping Center em 2003 e até hoje encontra-se lá, a consolidação do bairro como um dos maiores pólos de tecnologia do país e a igreja da Madre de Deus  que foi restaurada.


   
    Foto: Rafael Araújo                            Foto: Rafael Araújo 


    Foto: Rafael Araujo                            Foto: Rafael Araújo

 Não só no carnaval, mas aos poucos, durante o ano, o Recife Antigo é palco de atrações como: festival de cinema e teatro, exposições e feiras. A feira do Bom Jesus com suas antiguidades e artesanato continua uma atração a parte. Mas os governos, independente da sua ideologia, terão que investir, ordenar, organizar e estruturar para que o Bairro do Recife, se torne um bairro cada vez mais freqüentado pela cidade e ainda que seja, se não o, mas um do principais pontos turísticos da cidade do Recife.

Um comentário:

  1. Prezado, onde fica o Instituto Cultural do Recife, onde estão arquivadas essas fotos?

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